quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O impacto dos media na opinião pública

Devido à evolução das telecomunicações, passámos a ser colocados a par de todos os acontecimentos do mundo de uma forma sistemática. Diariamente somos bombardeados com informações de todo tipos, vindas de qualquer parte do planeta. É improvável absorver tudo, quanto impossível ser imune a tudo. Todos buscam ajustes às novas regras impostas pela fusão tecnológica na sociedade contemporânea Isto tem gerado mudanças sociológicas (novos termos, novos comportamentos, novas formas de comunicação) que transformam nitidamente a sociedade.
Na sociedade mediática em que vivemos os meios de comunicação social em geral, e a televisão em particular, são para muitos sociólogos os novos agentes de socialização.
A televisão é, provavelmente o meio de comunicação social mais familiar uma vez que capta mais facilmente o interesse, já que tem grande capacidade de oferecer elementos da distracção, sobretudo onde não há mais nada que se imponha para ocupar os momentos livres após o trabalho. Vários sociólogos se têm debruçado sobre os seus efeitos morais, sociais, culturais e políticos. Embora haja quem a considere uma epidemia do século XXI, geradora da solidão e de vazio emocional, especialistas há que consideram que ela contribui mais para o aumento de interacções positivas do que para o surgimento de tensões familiares. A televisão, e mais concretamente o visionamento de certos programas aumenta as intenções familiares positivas estimulando o diálogo, o debate e a troca de ideias. Os meios de comunicação social são hoje o eixo da reflexão social e o meio de maior incidência sobre as agendas públicas, os estilos de produzir saber e as maneiras de compreender o mundo. Neles podemos reconhecer um espaço de pluralidade e, dada a sua eficiência e impacto, são instrumentos vitais para o debate de valores, costumes e para a prática da ética. Eles ocupam, nos dias de hoje, o lugar do espaço público e das conversas do dia-a-dia.
Contudo, e apesar da promoção destes valores, não podemos esquecer os “vícios” que os meios de comunicação social integram, nomeadamente a enorme cedência ao sensacionalismo, à tragédia, à catástrofe e a jornalistas “porta-vozes” oficiais de partidos e instituições. Os critérios editoriais obedientes a um investidor (por exemplo, quando um jornal não publica uma determinada notícia por ser contra quem o financia) são outro dos graves problemas que influenciam a incorrecta estruturação da opinião pública.
Actualmente todos podemos constatar uma diminuição da qualidade da informação e da programação televisiva sob a influência de critérios comerciais e de luta pelas audiências, com o predomínio da superficialidade, do sensacionalismo e da acentuada degradação cívica, profissional e humana com importantes reflexos a nível ideológico e das atitudes e valores sociais e políticos.
Encontramo-nos perante uma sociedade em que cada vez se dá mais importância aos meios de comunicação social (e à televisão particularmente) e às imagens, notícias e publicidade por eles transmitidos e difundidos, sem termos o cuidado de filtrarmos informação e optarmos por alguns programas em detrimento de outros. Partimos do princípio de que tudo o que nos é apresentado é verdadeiro e bom, caso contrário não seria permitido aparecer na televisão.
Existe um excesso de informação que nos obriga a optar e só o podemos fazer se estivermos correctamente informados. Uma vez que os meios de comunicação têm tendência para construir a realidade social, deverá promover-se a selecção da informação por parte de qualquer cidadão, bem como a sua avaliação crítica.
Para que todos nós (consumidores, espectadores, leitores, ouvintes, etc.) não sejamos infantilizados ou manipulados, julgo que é imperativo promover o pluralismo e a independência na informação, no debate e no comentário político, a par da implementação de um sistema de informação que vise sobretudo a cidadania e a sociedade do conhecimento. Devemos interrogar-nos também qual o verdadeiro papel do Estado na sociedade de informação em Portugal. Na minha opinião, o Estado tem de regular claramente os meios de comunicação social em função do interesse público, com o fim de reforçar a livre opinião pública no nosso país. O Estado deve também acompanhar de perto os operadores públicos e privados para que estes tenham sempre presentes as suas responsabilidades cívicas e a defesa da identidade cultural portuguesa. A televisão e os restantes meios de comunicação social devem promover os melhores interesses sociais, sendo referência de modelos e valores que tendem a ser interiorizados.
Por isso mesmo, a programação da televisão deve apoiar a educação e a cultura, promover a cidadania e procurar atender às diferentes necessidades e interesses dos seus telespectadores.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

CLC - Ruralidade e Urbanidade

Em Portugal, durante as últimas décadas, tentou acabar-se com as marcas do nosso mundo rural, como solução para os problemas de atraso e de subdesenvolvimento, levando a uma perda de grande parte da nossa identidade como povo e a fazendo com que um património cultural e natural de uma grande riqueza, esteja paulatinamente a caminhar para a completa descaracterização e até mesmo extinção.
Não basta recuperar uma dúzia de aldeias, ou organizar meia dúzia de feiras de artesanato. Precisamos de um projecto nacional que encare o nosso mundo rural como parte integrante da nossa riqueza como povo e nação, pois quer queiramos quer não, provavelmente é o seu legado que nos faz únicos num mundo cada vez mais estandardizado, pois é aí que podemos estão as raízes da nossa identidade. É necessário criar condições para fazermos do espaço rural uma fonte de desenvolvimento sustentado e de aproveitamento dos valores que nos distinguem. Se nada se fizer, daqui a pouco tempo teremos um país litoral de subúrbios e de gente desenraizada, e um interior com uma paisagem feita de eucaliptos, acácias e silvados.
De facto, a urbanização não é a única via de desenvolvimento, pelo que o mesmo não implica necessariamente o desaparecimento do espaço rural. As novas fontes de crescimento das áreas rurais estão principalmente ligadas a peculiaridades dos patrimónios natural e cultural, o que só reafirma o contraste entre os contextos ambientais dos espaços urbanos e rurais.
Actualmente consegue perceber-se que cada vez mais as autarquias vêem um enorme potencial do sector terciário na criação de emprego permanente. Nesta perspectiva, esse sector tem vindo cada vez mais a fazer parte integrante das suas estratégias de desenvolvimento local e regional, como forma de o reforçar e diversificar, através do desenvolvimento de sistemas produtivos baseados em vários tipos de combinações de actividades terciárias com as duas outras categorias sectoriais. As novas fontes de crescimento e emprego estão nas actividades de serviços ligadas ao lazer e ao meio natural, mesmo que continuem muito importantes outros tipos de serviços, como os financeiros, de seguros, imobiliários, de restauração, etc.
No sector terciário, a cultura reveste uma importância tripla para o desenvolvimento regional. Em primeiro lugar, é fonte de emprego: as actividades relacionadas com o património cultural, do mesmo modo que os produtos e as indústrias de vocação cultural, criam, directa e indirectamente, emprego. Em segundo lugar, é um factor cada vez mais decisivo na localização de novos investimentos, dado que reforça a imagem e a capacidade de atracção de uma região. A cultura pode desempenhar um papel importante na renovação de zonas urbanas desfavorecidas ou de zonas rurais. Em terceiro lugar, pode favorecer a integração social e, deste modo, contribuir para a coesão social.
Aos empregos directos, criados por projectos culturais, acrescentam‑se vários empregos indirectos: serviços de assistência, fornecedores, empresas de construção, equipamentos de hotelaria, centros de formação, serviços de reserva, etc.
Nas zonas rurais, os produtos e actividades estão estreitamente ligados às raízes culturais da região. Manifestações específicas deste tipo de património cultural são, por exemplo, as festas do vinho ligadas às vindimas e as tradições locais de fabrico de pão. Ao mesmo tempo que contribuem para o desenvolvimento regional e turístico, estas manifestações reforçam o sentimento da identificação de uma população com o seu território. São cada vez mais os projectos locais organizados pelas autarquias ligados à cultura. Estes projectos contribuem para promover a identidade regional, a valorização do património cultural, através da criação de infra-estruturas culturais permanentes (eco-museus e centros culturais) e da organização de actividades culturais específicas (festivais, feiras, etc.). É por esta razão que se deve incentivar os investimentos turísticos e artesanais (incluindo a melhoria da habitação nas explorações agrícolas), e da renovação e desenvolvimento das aldeias e da protecção e conservação do património rural.
É necessário assegurar, em particular na promoção da recuperação de cidades antigas e históricas, que esses projectos sejam realizados com base numa estratégia de recuperação e revitalização que tenham por objectivo a multifuncionalidade das cidades ou a conservação do espaço habitacional e das infra‑estruturas necessárias à habitabilidade, promovendo o ressurgimento e o desenvolvimento da actividade comercial, artesanal, turística, social e cultural ligadas às tradições históricas da cidade, de modo a devolver‑lhes a sua vitalidade revalorizando assim o nosso património arquitectónico e artístico e tornando os serviços acessíveis e modernos.
A área urbana deve possuir e valorizar a sua própria identidade relacionando‑a com os sistemas rurais e territoriais protegidos. A constituição e a ampliação dos parques naturais protegidos devem estar sintonizadas com as exigências e os equilíbrios da população.


Uma vertente igualmente importante de um património cultural e que está associada ao espaço em que se desenvolve é a língua. Uma língua palpita, cresce, torna-se flexível, expande-se, desenvolve-se, enfim, vive. É através de uma língua que podemos comunicar com os outros. Entende-se por língua uma forma particular de linguagem, um sistema de signos vocais, que podem ser transcritos graficamente, comum a um povo, a uma nação, a uma cultura e que constitui o seu instrumento de comunicação. O mais admirável é que, com poucas dezenas de sons, todas as pessoas podem construir, em qualquer língua do mundo, uma infinidade de expressões que revelam aos outros o que pensam, o que imaginam e o que sentem. E não é de estranhar que uma língua tenha variantes de si própria, principalmente quando se estende por vários quilómetros de extensão. É o caso da língua portuguesa, que é falada nos cinco continentes do mundo, por milhões de pessoas.
Algumas variantes fonéticas, lexicais e semânticas da língua portuguesa falada em Portugal e noutro país lusófono (o Brasil): os fonemas usados no português do Brasil são, muitas vezes, diferentes dos usados no português europeu, ou seja, uma mesma palavra tem notação fonética diferente no Brasil da dos outros países lusófonos. Alguns exemplos são o ensurdecimento e queda do r final (por exemplo, acordá em vez de acordar); o ieísmo (ex.: muier em vez de mulher ou trabaio em vez de trabalho); terminação verbal átona desnasalada (ex.: amaro em vez de amaram); queda ou vocalização do l final em u (ex.: finau em vez de final ou Portugau em vez de Portugal); as vogais átonas permaneceram abertas; manteve-se a pronúncia [ej] em ditongos como ei em primeiro, em vez da pronúncia portuguesa “prim-a-iro”; desaparição da oposição entre timbre aberto e fechado nas vogais tónicas a, e e o seguidas de consoante nasal (ex: vênia em vez de vénia, Antônio em vez de António).
Há palavras que se utilizam no Brasil, mas que não se utilizam em Portugal, devido a circunstâncias históricas e diferentes maneiras de transformar a realidade em palavras. São exemplos disso mesmo a utilização de ônibus em vez de autocarro, trem em vez de comboio, bonde em vez de eléctrico, aeromoça em vez de assistente de bordo, aterrissagem em vez de aterragem, banheiro em vez de casa-de-banho, carona em vez de boleia, chaveiro em vez de porta-chaves, grampeador em vez de agrafador, (telefone) celular em vez de telemóvel, entre muitos outros exemplos.
Muitas palavras, sem perderem o seu significado tradicional, enriqueceram-se com uma ou mais acepções novas no Brasil. Por exemplo, virar também significa transformar-se em.
Vimos as diferenças entre a variante europeia e a variante brasileira do Português. No entanto, o próprio poruguês falado em Portugal tem diferenças de região para região, como facilmente nos podemos aperceber quando viajamos no nosso país e chegamos ao Minho, ou a Trás-os-Montes, ou ao Alentejo e até mesmo ao Algarve. De facto, as variedades nacionais da língua portuguesa não apresentam uma uniformidade interna, sendo constituída por variantes geográficas que se denominam dialectos. O dialecto não é hoje considerado uma forma diferente (e até desprestigiada) de falar uma língua, mas é qualquer forma de falar uma língua conforme a região a que pertence o falante. Os dialectos do português europeu não são muito distintos entre si, por razões de carácter histórico. Em todo o caso, podem agrupar-se da seguinte forma:
a) Os dialectos setentrionais, caracterizados pelo desaparecimento da oposição entre /b/ e /v/ e sua fusão numa única consoante, realizada quer como [b] quer como [v] e pela conservação do ditongo /ow/ (graficamente , como em pouco, soube), entre outras.
b) Os dialectos centro-meridionais apresentam a redução do ditongo /ow/ a [o] e a perda do segundo elemento do ditongo /ej/ (como em leite, feira) reduzido a [e].
c) Os dialectos dos Açores e da Madeira exibem características específicas. No arquipélago açoriano, o dialecto micaelense apresenta as vogais palatais [ü] a [ö] que correspondem, respectivamente, a /u/ e /o/ (como em uva, [ü]va; pouco, p[ö]co; boi, b[ö]i; piolho, pi[ö]lho) e a elevação do /o/ tónico para [u], como em: doze, d[u]ze; amor, am[u]r. No arquipélago madeirense nota-se a velarização do /a/ tónico, a substituição do /i/ tónico (exs: ilha [em]lha, jardim, jard[em]) e a palatalização do /l/ quando precedido de [i] (ex: filetes, fi[lh]etes).

É de grande importância, preservar, manter e organizar o local onde vivemos. Quem não gosta de estar ao ar livre entre amigos, familiares desfrutando da paisagem que nos rodeia? Quem não gosta de ir até à praia e nadar nas águas claras e isentas de maus cheiros e lixos? Quem não gosta de ir a uma cidade e encontrar os passeios sem vestígios de aglomerados de lixo? Quem não gosta de fazer uma caminhada onde possa respirar sem sentir o incómodo dos cheiros das fábricas e poder usufruir do ar fresco das árvores?
Estas perguntas alertam para a necessidade de tomarmos consciência do quanto é necessário o controlo e equilíbrio dos espaços rural e urbano, valorizando-os e aproveitando-os da melhor maneira.
Todos nós gostamos de desfrutar do espaço que a natureza nos oferece. No entanto e infelizmente, modificamo-lo muitas vezes, não preservando o estado natural do espaço rural. Antigamente a migração dos espaços rurais para os urbanos era notória, devido á indústria, melhores oportunidades para trabalhar e estudar ou por todos os serviços se centrarem nas cidades. Nos dias de hoje vemos o homem a tentar preservar o espaço rural usufruindo das novas tecnologias, como é o caso dos parques ecológicos e hotéis rurais, apostando também na atracção do espaço natural, onde tudo está harmonizado.
É necessário preservar e equilibrar o rural e o urbano impulsionando todos os cidadãos a preservá-los da melhor forma. Isso passa pela preservação das vias de comunicação propícias a caminhadas e aos miradouros, proporcionando assim a todos um contacto com a natureza e com as culturas das regiões visitadas, sem esquecer a possibilidade do visitante desfrutar das actividades náuticas, de pesca ou de recreio. A melhoria das vias de acesso, seja pela construção de novas estradas ou da implementação de novos meios de transporte (tais como o teleférico) ajudam a atrair visitantes em busca do meio rural e urbano. Este movimento de pessoas, motivado por atracções turísticas e de lazer, não só é um privilégio para os visitantes como também o é para os agricultores, comerciantes e proprietários de restaurantes das zonas valorizadas, pois é tudo criado a pensar na vida dos cidadãos, não deixando de ser um atractivo para os visitantes que vêm do espaço urbano e pretendem conhecer o meio rural, desfrutando de umas férias relaxantes em contacto com a natureza. As feiras gastronómicas, as festas do concelho e as festas populares são outros exemplos que demonstram o dinamismo rural e urbano, provocando o movimento das pessoas de um meio para o outro.
Uma outra excelente forma de valorizar o espaço rural e urbano é restaurar o que é antigo, mantendo o seu estilo de arquitectura e, se possível, recuperando com manutenções periódicas, para que o valor do património arquitectónico e cultural desapareça.
É no espaço urbano onde está mais concentrado quase todo o tipo de indústrias, museus, parques e jardins, monumentos, a importância de preservar o que é nosso. Esses espaços dinâmicos atractivos e de lazer são de extrema importância, pois dão a conhecer aos visitantes toda a história de uma determinada região, de maneira divertida e consciente, mostrando a importância da valorização da natureza e da cultura.
É absolutamente necessário que exista uma harmonia entre o urbano e o rural. Por isso, nunca poderemos esquecer que a preservação é fundamental para que a união entre os dois seja possível. Esta valorização da preservação do meio urbano e rural consegue-se com a ajuda de todos nós. Das políticas públicas emanadas das entidades governamentais, implementadas em conjunto com o contributo da população, resultará num equilíbrio fundamental para todos.